Quem joga no Brasil sabe que a paixão por jogos é enorme, mas o preço nem sempre acompanha a nossa realidade. Nos últimos anos, ficou cada vez mais comum ver lançamentos da Nintendo custando de R$ 350 a R$ 499,90, ou até US$19,99 virar R$114,90 na plataforma da Sony. Valores que transformam o simples ato de comprar um jogo em um verdadeiro luxo aqui no Brasil.
Foi por causa desse cenário que o criador de conteúdo Coelho no Japão levantou um debate importante, publicando uma carta aberta à Nintendo e pedindo algo simples, mas fundamental: a localização de preços. A ideia não é reclamar por reclamar, mas mostrar com números e exemplos que esse modelo faria bem tanto para os jogadores e ainda aumentaria a quantidade de venda no país.
QUANDO COMPRAR JOGOS DEIXA DE SER DIVERTIDO
Hoje, em 18 de Setembro de 2025, o salário mínimo é de R$ 1.518. Isso significa que um jogo custando R$ 439,90 (como o caso de Donkey Kong Bananza) representa quase um terço do salário. Para colocar em perspectiva: seria como um jogador nos EUA, com salário médio de US$ 5.000, precisar pagar US$ 1.500 por um lançamento. Absurdo, né?
O jornalista de games Pedro Henrique Lutti Lippe, do canal tvPH, também vem batendo nessa tecla há um tempo. Para ele, a política de preços não é só injusta, mas também é incoerente. Afinal, atualmente chega a ser mais barato comprar a versão de Switch 1 de Pokémon Legends Z-A, por exemplo, e pagar pelo pacote de melhorias para jogar no Switch 2, do que adquirir diretamente a edição do novo console que está usando uma conversão absurda do dólar (algo em torno de R$6).
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LOCALIZAR OS PREÇOS FUNCIONA E EXISTEM PROVAS
Não é só porque estamos pedindo pela localização dos preços dos jogos que significa que estamos pedindo caridade. Na verdade é até estratégia de mercado. Empresas que entendem isso já colheram bons resultados.
Um exemplo claro é o de Hollow Knight: Silksong. Nos EUA, ele foi lançado por US$ 19,99. Aqui, o preço ficou em torno de R$ 60 na Steam e na eShop do Switch, mas pulou para R$ 114,90 na PlayStation Store. Obviamente o jogo virou sucesso de vendas em todas as plataformas, mas de acordo com as informações do site Universo Nintendo, Silksong virou líder absoluto tanto em vendas por unidades quanto por receita gerada por vendas, provando que preço justo aumenta o alcance.
Outros casos também reforçam a lógica:
- CD Projekt Red lançou Cyberpunk 2077 por R$ 339,99 no Switch 2, bem abaixo da conversão direta dos US$ 70, e viu as vendas crescerem.
- Marvelous apostou em preços de cerca de R$ 279,00, também mais amigáveis que os padrões de outras publicadoras.
- Square Enix anunciou os surpreendentes R$229,90 para Final Fantasy VII Remake Intergrade e alavancou o interesse de muitos fãs que esperavam um preço muito mais alto.
Além disso, uma pesquisa levantada pelo Coelho no Japão também mostrou que 47% dos jogadores brasileiros comprariam mais jogos se os preços fossem ajustados à nossa realidade. Isso não só aumenta o volume de vendas como também ajuda a combater a pirataria, que ainda é um desafio no país.

E O JOGADOR, COMO FICA?
O impacto é direto e cada vez mais os fãs precisam escolher plataformas e jogos não pela preferência, mas pelo bolso. Como o PH bem disse, chega a ser difícil recomendar a compra de um PlayStation 5 no Brasil, e que para aproveitar jogos third parties, seria melhor escolher entre um PC, um Xbox ou até um Nintendo Switch.
A comunidade gamer no Brasil é apaixonada e fiel, especialmente à Nintendo, começando com os Famiclones e desde a época do Super Nintendo, a grande maioria só conseguia um videogame “novo” de geração anterior, quando a geração nova era lançada. O problema é esse: a paixão não sobrevive sozinha quando o preço vira uma barreira.
TÁ CARO DEMAIS PRA JOGAR
A localização dos preços não é luxo, nem esmola. É uma medida que reconhece o potencial de um dos mercados mais engajados do mundo. O Brasil tem público, tem história e tem vontade de consumir. Só falta que mais empresas enxerguem isso e façam o ajuste que já se mostrou benéfico em outros casos.
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DÚVIDAS FREQUENTES SOBRE PREÇO DOS JOGOS NO BRASIL
Porque cada loja (Steam, eShop, PSN) define sua própria política de precificação. Algumas se preocupam mais em ajustar ao público da região, outras não.
Não. O Brasil também tem uma alta taxa tributária, fora a cotação do dólar.
O aumento no volume de vendas pode compensar a margem menor por unidade. Além disso, reduz a pirataria e fortalece a base de fãs.